O Mistério de Agatha Christie que Enganou o Brasil

O mistério de Agatha Christie que enganou o Brasil em 1937 é uma história fascinante e pouco conhecida sobre como uma revista brasileira publicou um dos mais famosos livros da autora sem dar os devidos créditos. Como isso foi feito? Através de um concurso literário. Este episódio curioso revela muito sobre a popularidade dos concursos de mistério durante a Era de Ouro da ficção policial.

Como o Mistério de Agatha Christie Chegou ao Brasil com outro título

Imagine comprar sua revista favorita em 1937 e encontrar um concurso para desvendar quem matou o gangster Cassetti no “Expresso de Istambul”. A história, supostamente escrita por Sir Ronald MacMunn, apresentava um detetive chamado Monsieur Monet investigando o crime. Para leitores de mistério, a trama soava familiar – e com razão. Tratava-se, na verdade, do “Assassinato no Expresso do Oriente” de Agatha Christie, publicado na Inglaterra em 1934, mas ainda não lançado oficialmente no Brasil.

A revista “A Novela” havia adaptado a obra, alterando nomes e detalhes, para criar um concurso onde os leitores poderiam ganhar prêmios se descobrissem o assassino. Apenas nove pessoas conseguiram resolver o mistério de Agatha Christie disfarçado, sugerindo que a estratégia da revista funcionou – poucos reconheceram a obra original.

Por Que os Concursos de Mistério Eram Tão Populares?

Para entender o contexto desse mistério de Agatha Christie que enganou brasileiros, precisamos voltar à década de 1920 na Inglaterra. Os concursos de mistério em jornais e revistas eram extremamente populares. Publicações serializavam histórias de crime e desafiavam leitores a resolverem os casos antes do final, oferecendo prêmios tentadores.

Um exemplo notável foi “The Wintringham Mystery” no Daily Mirror em 1926, que oferecia 500 libras (equivalente a cerca de 187 mil reais hoje) para quem solucionasse o enigma. Curiosamente, a própria Agatha Christie participou desse concurso usando o nome do marido para evitar favorecimentos, recebendo um prêmio de consolação pela originalidade de sua resposta.

Agatha Christie e outros concursos

Ironicamente, embora tenha tido sua história copiada no Brasil, Agatha Christie também promoveu seus próprios concursos. Em 1935, ela lançou um desafio para os leitores de “Os Crimes ABC“, convidando-os a identificarem o assassino. E não foi a única – Arthur Conan Doyle também criou um concurso desafiando leitores a listarem os 12 melhores contos de Sherlock Holmes, prometendo 100 libras e sua autobiografia autografada para quem mais se aproximasse de sua própria lista.

Entretanto, nem todos os concursos terminavam bem. Edgar Wallace quase faliu após prometer premiar todos que acertassem o final de “Os Quatro Homens Justos“, subestimando drasticamente o número de vencedores.

O Mistério Nunca Realizado de Agatha Christie

Em 1949, Agatha planejou um concurso inovador: ela escreveria o início de uma história sobre uma datilógrafa que encontra uma coleção de relógios, um cadáver e uma mulher cega. Os leitores criariam o final, e o melhor seria publicado junto com o texto original.

Porém, por razões desconhecidas, o concurso nunca aconteceu. Porém, a ideia não foi desperdiçada – doze anos depois, Agatha transformou esse conceito no romance “Os Relógios“, protagonizado por Hercule Poirot.

O Legado Moderno dos Mistérios que Desafiam Leitores

Embora os jornais impressos tenham perdido relevância, o espírito dos concursos de mistério permanece vivo em novos formatos. “A Mandíbula de Caim“, um quebra-cabeça literário de 1934 composto por 100 páginas soltas que devem ser ordenadas corretamente, foi relançado em 2019 com grande sucesso. Escape rooms, jogos interativos e competições online mantêm viva a tradição de desafiar leitores a resolverem enigmas.

O Que Podemos Aprender com o Mistério Brasileiro de Agatha Christie?

O caso da revista “A Novela” levanta questões sobre ética editorial e direitos autorais, mas também demonstra como os mistérios de Agatha Christie tinham apelo universal. Curiosamente, a família Christie só descobriu esse episódio brasileiro no século XXI, conforme revelado pelo neto da autora.

Este mistério de Agatha Christie que enganou o Brasil nos mostra como a literatura policial transcende fronteiras e como os leitores, independente de sua nacionalidade, compartilham o mesmo prazer em desvendar enigmas. Também revela uma época em que a leitura era uma experiência social e participativa, muito antes das redes sociais e fóruns de discussão online.

Os concursos de mistério transformaram a literatura em uma experiência interativa, convidando leitores a serem mais que espectadores passivos – a serem detetives amadores, usando suas próprias habilidades de dedução para resolver crimes fictícios.

Se você quiser saber mais sobre Agatha Christie e o seu maior mistério, seu desaparecimento, é só clicar aqui.

similar posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *