A verdadeira mente por trás dos mistérios de Anthony Gilbert
Hoje venho com uma história que parece ter saído diretamente de um romance policial: a vida de Anthony Gilbert. Imagine um autor de mistérios amado por todos, prolífico, com dezenas de livros publicados, que frequentava o Detection Club ao lado de Agatha Christie e Dorothy Sayers, mas cuja verdadeira identidade era um completo mistério.
Quem era essa figura enigmática que inspirou filmes e peças de teatro, mas que se mantinha nas sombras? Preparem-se para uma história repleta de segredos, ambição e uma batalha contra as convenções de uma época!
Anthony Gilbert: O Mestre das Sombras
Anthony Gilbert surgiu na cena literária na década de 1920, durante a Era de Ouro do romance policial. Seus livros eram conhecidos por tramas complexas, personagens cativantes e um estilo inconfundível. Ele criou detetives memoráveis, como o advogado Arthur Crook, um anti-herói que quebrava todas as regras.
Gilbert era um mestre em criar atmosferas sombrias e reviravoltas inesperadas, mantendo os leitores grudados em cada página. Mas por trás do sucesso e da aparente normalidade, havia um enigma. Gilbert era uma figura reservada, quase um fantasma. Poucas fotos, entrevistas raras, biografias vagas e contraditórias.
Quem era esse homem que escrevia sobre crimes com tanta perspicácia, mas escondia tanto sobre si mesmo? Fãs e críticos especulavam: seria um pseudônimo de algum autor famoso, um membro da nobreza entediado ou um criminoso foragido?
Lucy Beatrice Malleson: A Mulher por Trás da Máscara
A verdade, no entanto, era muito mais surpreendente e complexa. Por trás do nome Anthony Gilbert, existia Lucy Beatrice Malleson, uma mulher nascida em Londres em 1899. Sua família, de classe média, enfrentou dificuldades financeiras após a Primeira Guerra Mundial, o que marcou profundamente sua vida e obra.
Desde a adolescência, Lucy sonhava em ser escritora, contrariando as expectativas de sua família, que a incentivava a se tornar professora. Determinada a realizar seu sonho, ela se inscreveu escondido em um curso por correspondência e começou a vender pequenos artigos e poemas para jornais e revistas.
Para ajudar nas despesas da casa, Lucy se tornou secretária, uma profissão que lhe permitia conciliar o trabalho com sua ambição literária. Ela escrevia artigos sob o pseudônimo de Claudine e, aos 20 anos, já tinha um conjunto impressionante de publicações.
A Inspiração e a Criação de um Pseudônimo
Em 1920, Lucy assistiu à peça “O Gato e o Canário”, um thriller gótico que a fascinou. Inspirada pela atmosfera sombria e pelas reviravoltas da trama, ela decidiu escrever seu primeiro romance policial.
O manuscrito foi aceito pela editora Collins, mas Lucy se decepcionou com o adiantamento e as baixas vendas. Para evitar que isso prejudicasse suas chances com outras editoras, ela decidiu criar um novo pseudônimo: Anthony Gilbert.
Para completar a farsa, Lucy escreveu uma carta para seus agentes, se passando por Anthony Gilbert, criando a ilusão de um autor misterioso e desconhecido. A estratégia funcionou, e a editora demonstrou interesse em publicar o livro de Anthony Gilbert.
A Persona Fictícia e a Revelação
Lucy enviou à editora uma biografia inventada, descrevendo Anthony Gilbert como um homem recluso que vivia nos arredores de Sussex. A editora, intrigada, pediu uma fotografia. Lucy, mais uma vez, foi criativa: alugou uma peruca com uma barba postiça, vestiu um chapéu e óculos, e posou para o fotógrafo.
A editora não aprovou a fotografia, mas Lucy guardou a imagem com orgulho, se divertindo com a curiosidade dos visitantes que questionavam a identidade da figura enigmática. A estratégia do pseudônimo funcionou como um escudo protetor, permitindo que Lucy mantivesse sua privacidade e se concentrasse em sua escrita.
A revelação da verdadeira identidade de Anthony Gilbert aconteceu durante um almoço oferecido pela livraria Foils aos autores do Collins Crime Club. Quando o nome Anthony Gilbert foi anunciado, Lucy Malleson se levantou, causando surpresa e espanto entre os presentes.
O Legado de Anthony Gilbert
A entrada de Lucy para o Detection Club em 1933 representou a consagração de sua carreira literária. Ela continuou a escrever sob o pseudônimo de Anthony Gilbert, criando personagens memoráveis como Arthur Crook.
Lucy também explorou outros pseudônimos, e chegou a publicar “Portrait of a Murder“, um romance policial invertido que subverteu as convenções do gênero.
Apesar de seu talento e produtividade, Lucy Malleson, como Anthony Gilbert, não alcançou o mesmo reconhecimento de seus contemporâneos. Um dos motivos pode ser a ausência de um blockbuster literário, um livro que a catapultasse para o estrelato.
A utilização de múltiplos pseudônimos também contribuiu para a dispersão de sua obra e para a dificuldade de consolidar uma identidade autoral forte e coesa.
Um Convite à Descoberta
O legado de Anthony Gilbert permanece um enigma para muitos leitores, especialmente no Brasil, onde suas obras não foram publicadas. Deixo aqui um convite para conhecer a obra extensa dessa autora que enganou editores, leitores e até mesmo outros escritores.
Se você chegou até aqui, deixe nos comentários qual pseudônimo você usaria se fosse escritor e não quisesse ser reconhecido.
Espero que tenham gostado de conhecer a intrigante história de Lucy Malleson, a mulher por trás do pseudônimo Anthony Gilbert. Não se esqueçam de curtir o vídeo, se inscrever no canal e compartilhar com seus amigos apaixonados por literatura policial!
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